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A História de Uma Serva de Margaret Atwood

  • Foto do escritor: Sofia
    Sofia
  • 29 de nov. de 2020
  • 4 min de leitura

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Olá Ilustres!

As férias terminam e isso releva o meu ar taciturno, a angústia de tudo faz, abraçando um momento em que se entrega à apatia e vendo-se obrigada a restaurar energia… Pobre pobreza que me empobrece.

Neste mês de agosto, que passou, alertou que a minha atividade nas redes sociais seria minor, pois bem, estamos em setembro, retomei em força, terminando mais um clássico! Quem me conhece sabe que não sou um ser florido, pelo contrário, o negrume alumia a minha vida, pois me entrego facilmente aos obscuro, mesmo sendo uma das pessoas mais positivas que irão conhecer. Gostos são gostos e distopias são pertença dos meus gostos.

O livro: A História de Uma Serva de Margaret Atwood.


A minha edição é da Bertrand Editora, livro de capa mole, com 348 páginas, dividido em dezasseis partes, cada uma subdividida em capítulos.

Este livro, juntamente com O Testemunho, da autora, fundamentam a série The Handmaid’s Tale.

A opinião:

*TEM MUITO SPOILER*


Ora, o contexto do livro pressupõe uma invasão massiva da extrema direita, dizimando e restaurando os Estados Unidos, transformando-a numa sociedade obsessiva, católica, destituída de qualquer bom senso, em que tudo o que não seja homem e católico é obrigado à submissão, em nome de Deus. Queimada a Constituição e pós “invasão”, os Estados Unidos passam a chamar-se de Gileade.

O livro apresenta-nos a perspetiva de Defred, uma mulher destacada como Serva, função esta especificada para as mulheres férteis, que eram distribuídas por Comandantes, homens de alto destaque, somente para engravidarem. Estes têm direito a três mulheres, as que limpam, as Martas; as que reproduzem, as Servas; as que acompanham, as Esposas. Estas são distinguidas pelas roupas e benefícios.

Defred não é o nome verdadeiro da narradora, mas dada a sua nova realidade, tem de esquecer o seu verdadeiro nome e vida passada, para sobreviver. Existem contrastes entre a vida passada, associada à liberdade e a vida futura, associada à clausura.

Bem, eis a minha genuína opinião:

A História de Uma Serva tem claros nuances, aliás, exagerados, de George Orwell e de Aldous Huxley. Em vários momentos, senti que já tinha lido algo bastante parecido, retirando o fator novidade. A narrativa do presente é interrompida, abruptamente, pelas viagens ao passado, compreendemos que é propositado, porque dá-nos a ideia de que estamos na cabeça de Defred, acompanhando em direto, as suas reflexões, no entanto, o efeito que causa não é assim tão positivo, devido à consistência destas paragens e à confusão que cria, na nossa mente.

A própria personagem não é muito apelativa, é extremamente difícil de criarmos empatia com ela porque apresenta uma atitude, muitas vezes, desconexa da imagem que querem criar dela. O que me chocou porque a personagem já tinha sido mãe e casada, no entanto, aceita a realidade com muita estranheza, falta emoção, porque somos humanos.

Com este último aspeto fiquei devastada, pois estava entusiasmadíssima por ser uma protagonista feminina e uma distopia contada pela voz feminina, mas criei mais empatia com a própria mãe da personagem, que raramente aparece e com Moira, que poucas vezes aparece.

A expressão MayDay e aquilo que significa para aquelas mulheres é pouco explorada e entra e sai de cena, sem que nós conheçamos ou percebamos o seu sentido. A questão das Colónias deveria ter sido mais explorada e visitada. A desistência de Moira pela liberdade magoou-me. O Nick teve um papel estranho, mudou de personalidade muito rapidamente. A Serena Joy tornar-se boazinha só veio irritar-me ainda mais, porque não teve tempo nem ações suficientes para se sentir essa necessidade de ter um bebé. O Clube privado dos Comandantes foi um episódio estranho porque a Defred estava com uma capa de Esposa e ele diz que ela é nova lá, ou seja, atribui-lhe um estatuto momentâneo de ordinária e elemento de um clube de prostituição, para ter relações sexuais, no entanto, ela está vestida como uma esposa. Que sentido faz?

A história é lenta e após 300 páginas parece que ação pouco evoluiu, mas as personagens mudam de repente. Não me pareceu coerente nem me trouxe satisfação, o término do livro.

O fim em aberto veio destruir as minhas esperanças, uma fatalidade tinha terminado esta obra em condições, assim, ficou tudo muito vago e oco. Não colocaria esta distopia no meu pódio. Considerei um livro mediano.

No entanto, nem tudo foi péssimo. A personagem Moira, como já falei, foi um ar fresco e uma forte presença de feminismo, de garra e de força, no livro, embora o seu fim não tenha sido favorável, pois perdera a vontade de se rebelar. Janine também foi uma personagem que me marcou, foi violada por vários homens, obrigada a assumir culpa, enquanto estava na escolinha das servas, episódio que me enojou. Grande parte do livro me incomodou por ser uma afronta à liberdade feminina, não fiquei indiferente e senti o calor dos nervos a assumir o meu corpo, cada vez que se falava em situações de opressão feminina ou que Defred relembrava os momentos da transição para o fascismo, incluindo esta absurda escolinha para servas.

Agora vou ver a série, pois me parece ser melhor.

Qual a vossa opinião sobre este livro? Preferem a série ou o livro?

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