Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas (Pai)
- Cláudia Sofia
- 17 de jan. de 2021
- 4 min de leitura

Boas,
Eu sinto que 2021 não poderia ter começado melhor. Iniciei e terminei “Os Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas (pai).
Eu sinto-me tão devastada por ter terminado este romance histórico, estava a apreciá-lo de uma forma tão minha e tão única. O que me faz não desesperar é perceber que este é o primeiro volume de uma trilogia, procedendo-lhe “Vinte Anos Depois” e “O Visconde de Bragelonne”, sucessivamente.
Inicialmente, Os Três Mosqueteiros seriam somente sobre Athos, Porthos e Aramis, sendo D’Artagnan uma personagem secundária que teria única função de introduzir os heróis. Durante a construção do livro, esta personagem sendo trabalhada de um modo único, tornando-se atraente para Dumas, que optou por desenvolver a narrativa com D’Artagnan como um personagem principal.
O primeiro volume desta trilogia apresenta-nos D’Artagnan, um jovem de 20 anos, que parte para Paris, em busca de melhores condições de vida. Ao longo do seu trajeto, este revela-se um jovem munido das melhores qualidades de um gentil-homem, de uma perspicácia, destreza e valores vincados, com força de vontade e lealdade a si mesmo, respeitando a ideia de honra pela espada. Durante a sua viagem, vai-se debatendo com obstáculos, mas chega ao seu objetivo, falar com Monsieur de Tréville, o capitão dos Mosqueteiros do Rei.
Ao longo da narrativa, os quatro mosqueteiros vão lutando, estrategicamente, para instaurar paz no reino e auxiliar a rainha, muito motivados por D’Artagnan que se apaixona perdidamente por Madame Bonacieux, esposa do seu inquilino e aia da rainha. Este também conhece Milady, uma mulher vil e maliciosa, responsável por todo o tormento da narrativa.
Último aspeto que falarei em relação à narrativa será o cerco de La Rochelle, em que os nossos heróis serão chamados para defender a honra de França, mas muito mais tormento lhes espera, pois o Cardeal Richelieu, um homem egoísta e manipulador, a base de toda a maldade que acontece ao longo da história, terá planos bem maquiavélicos para o desfecho deste cerco, deixando o coração de D’Artagnan reduzido a cinzas.
Ao longo do livro, vemos trabalhadas muitas causas políticas complexas, questões e lutas religiosas, conflitos territoriais e uma caracterização da sociedade, que nos ajuda no embalo da narrativa. Eu apaixonei-me por este livro, que tem tanto de complexo como de fascinante, os episódios são apelativos e as aventuras agarram-nos com as garras dos sonhos. Facilmente, a empatia funciona a seu favor, odiamos Milady, a vil encantadora de homens, egoísta e demoníaca. Apaixonamo-nos por Athos, o maior gentil-homem que existira neste livro. Empalidecemos com as perdas, pois o tempo tratou de nos aproximar das personagens, moendo-nos o coração até à última pedra de quebra. Não sei se recuperarei deste livro tão cedo, o final é muito inesperado e obrigou-me a verter lágrimas, pelo amor que não é meu, mas que já foi d’outros. Mas, justiça é crua e funciona das mais variadíssimas formas.
Para melhor compreensão deste livro, procederei a uma curta explicação histórica do reinado de Luís XIII. Filho do rei Henrique III e IV e de Maria de Médici.
Este período da história de França foi algo controverso, e marcado com as guerras entre os huguenotes e os espanhóis. O rei ficou órfão de pai cedo e a sua relação com a mãe não era muito positiva. A mãe tornando-se regente, não conseguiu controlar a nobreza e praticou uma conduta muito religiosa, consequentemente, a gestão do reino decaía de dia para dia, nutrindo muito descontentamento. De modo a fortalecer laços com Espanha, Maria de Médici casa D. Luís XIII com Ana d’Áustria, filha de Filipe III de Espanha. Este casamento era um tormento, inclusive, o rei aguardou quatro anos para consumar o próprio casamento, visto só ter 14 anos na altura do mesmo, e foi forçado a fazê-lo.
Induzida pela Duquesa de Chevreuse, Ana d’Áustria participou na tentativa de assassinar Luís XIII. Também, Ana se tornou informante dos espanhóis na Guerra dos Trinta Anos, e podemos afirmar, que a política era a causa de afastamento deste casal.
Sobre a gestão de França, Luís XIII era muito inexperiente e pouco conseguiu aprender, de positivo, com a gestão da mãe, que acaba por exiliar, para reinar o seu país. Apoia-se, então, no seu ministro, um homem calculista e bastante estratega, o Cardeal Richelieu. Não escondendo uma das características do próprio rei: a insegurança e a desconfiança, tinham um relacionamento bastante contrastante, entre a dependência e a desconfiança.
Do livro, conseguimos identificas personagens reais: o Cardeal de Richelieu; Luís XIII, rei de França, George Villiers, o Duque de Buckingham; Ana d’Áustria; jean-Armand du Pevrer, Conde de Tréville; Madame de Chevreuse; D’Artagnan, Charles de Batz de Castelmore d’Artagnan, Athos, Armand de Sillègue d’Athos d’Autevielle; Porthos, Isaac de Portau, Aramis, Henri d’Aramitz; John Felton.
Por último, termino com a ideia de que me apaixonei por Athos, nunca havia sentido o meu coração palpitar por nenhuma personagem literária, mas, eis que a paixão me abraçou. Milady juntou-se à lista de personagens mais odiadas, nem consigo transparecer o ódio que senti por essa pessoa sem escrúpulos. Quanto ao Cardeal, não consegui perceber qual foi a minha opinião, ainda estou a moer a história, a meu tempo, terei uma opinião formada sobre os seus comportamentos, mas coisa boa não será.
Até à próxima publicação e não se esqueçam de ouvir o meu podcast, “Que ser Life?”.
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