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admirável mundo novo de Aldous Huxley

  • Foto do escritor: Sofia
    Sofia
  • 29 de nov. de 2020
  • 4 min de leitura

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Olá Ilustres!

Há publicações em que nem vontade tenho de conceber uma introdução, isto é, a minha criatividade não me permite nada de glamoroso, restringindo-me as palavras e composição frásica. Acho que é um destes momentos em que estou de cérebro oco, no entanto, desejo muito manifestar a minha opinião sobre o livro que li. Sabem aqueles livros raros, a que atribuímos cinco estrelas, que são complexos o suficiente para nos tirar do conforto, nos levam à dúvida desconcertante da existência? Eis que vos trago um desses casos, mas envergonho-me da minha capacidade introdutória. Oh! Acabei de escrever uma introdução! Esqueçam então, eis o livro de que vos falo:

O livro: admirável mundo novo de Aldous Huxley.

A minha edição é da Antígona, livro de capa mole, com 307 páginas, dividido em cinco, incluindo o prefácio e um anexo, contendo uma carta de Aldous Huxley a George Orwell.

Aldous Huxley vem de uma longa linhagem de poetas, escritores e influentes na sociedade londrina. Além desta hereditariedade, Huxley relacionou-se com várias personalidades influentes, como Bertrand Russel.

A opinião:

O livro que vos trago é, provavelmente, uma das obras mais importantes do século XX, sendo escrita por um dos considerados melhores escritores do século XX.

A obra foi escrita num momento em que procedíamos e precedíamos a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, sucessivamente, acompanhando progresso dos regimes fascistas, por todo o mundo. Esta apresenta-nos um universo distópico, em que a sociedade sofreu uma revolução, após uma guerra de nove anos, mais precisamente no ano “600 da era Ford”, referência a Henry Ford, criador do método Standard ou “Fordismo”, revolucionário no mundo automóvel. Esta referência é importante porque se nota um crossover entre o fabrico “automático”, ou seja, cada funcionário é indicado a uma função, essa desprovida de raciocínio, automática, dinamizando a produção em massa; com a dinâmica da sociedade projetada nesta obra.

Assim, durante a obra, percebemos que, o condicionamento de Pavlov, juntamente com outros estudos relacionados com a hipnose e o condicionamento, permitiram constatar que o facilitismo, o condicionamento, a simplicidade e o mecanicismo conceberiam uma sociedade “estável” e capaz de sobreviver. Assim, erradica-se o sistema democrático, pois a ciência torna-se única lei, dominando todo o sistema social, político e económico, deste modo, a população não necessita de refletir, frustrar ou revolucionar, pois todos têm acesso ao necessário, vivem sem complicações, não motivando o espírito crítico.

Para isto se efetivar, também foi necessário que conceitos como a religião fossem reformulados, sendo que a religião desapareceu, sendo condicionados a aceitar a morte como algo natural, sem descanso eterno.

O “belo” é também reformulado, a beleza torna-se meramente estética e fútil, reservando-se à apreciação de corpos para copulação, mas a arte é reposta pelo condicionamento. Obras literárias, Pinturas e tudo o que poderia causar reflexão e implicar uma opinião destruíram o conceito de facilitismo e mecanicismo que fora trabalhado desde que nascem até que morrem, sendo enclausurados em cofres e nunca mais falados. A sociedade “civilizada” encontra-se em repleta ignorância, face ao passado e ao progresso.

De forma a perpetuar esta ideia de ciência como bem maior seria necessário estipular uma sociedade hierarquizada, no entanto, desprovida de influência paternal e maternal, moldada pelo próprio sistema, incapaz de questionar as verdades necessárias para duvidarem da sua própria felicidade. O que é “velho” desaparece, o belo desaparece, na verdade, toda a população são bebés proveta, gêmeos, concebidos em massa. O embrião vai determinar a sua casta e não existem pais, a reprodução natural torna-se taboo; os corpos dos mortos são reaproveitados; as crianças são incentivadas, desde novas, à estimulação sexual; não existem casamentos nem relações monogâmicas, somente ação sexual entre todos, porque todos são de todos. Para anular qual reflexão ou efeito de tristeza, fora criada a SOMA, que anula qualquer pensamento ou sentimento triste, temporariamente. As mulheres são obrigadas a fazer tratamentos e a tomar pilulas, de modo a impedir gravidez, por outro lado, também fazem tratamentos para facilitar a copulação. A materialização está patente na narrativa, a criação de vínculos com os objetos e não sentimentais, insistindo na temática da estabilidade, desresponsabilizando as pessoas dos sentimentos e frustração.

Estes aspetos são facilmente identificáveis na sociedade de hoje. O progresso da ciência trouxe a composição de genomas, podendo criar fetos de acordo com as preferências físicas dos pais; criação de pilulas abortivas; pilulas anticoncecionais; pilulas de estimulo sexual; criação de clones que sobrevivem; tratamentos de fertilidade ou infertilidade; simplificação das escrita para que se conheça menos palavras; transportes mais rápidos; maior distanciamento entre grupos sociais; liberdade sexual; …

A industrialização da própria vivência do ser humano tem sido um posto a alcançar, desprovendo os seres de reflexão e de estímulos culturais. A própria publicidade e marketing, conceitos com que lidamos diariamente, utilizam estratégias de condicionamento, para levar o consumidor a comprar os produtos. Estamos rodeados de influências e manipulação, somos o produto do que os outros decidem e impingem, através dos meios. As redes sociais são outra prova que a decadência de aproxima, pois, as notícias falsas promovem a rutura da sociedade, o ser humano deixa-se manipular, crendo na evocação de seres idilicamente propostos por entidades, que deveriam ser de confiança. E mesmo sendo alertados da sua erroneidade, persistimos em acreditar porque precisamos dalgo para odiar.

Por último, na minha opinião, este livro é necessário e causa a sensação de satisfação, pós-reconhecimento de qualidade, ou seja, é tão bom que sentimos a adrenalina e o entusiasmo. Espero que a série seja igualmente boa.

Uma última justificação curiosa, a obra chama-se "admirável mundo novo", por ser uma citação, muito simbólica neste livro, de William Shakespeare: "Ó Admirável Mundo Novo. Que possui gente assim!” (William Shakespeare, A Tempestade, Ato V).

E qual é a vossa opinião sobre este livro? Já viram a série?


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