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Crónicas de Dâmaso Salcede sobre a sociedade livrófila

  • Foto do escritor: Sofia
    Sofia
  • 29 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Olá Ilustres!


Eis-me em posição de crítica austera, mantendo-me neste perfil, pois gosto-me em demasia para me ver noutras circunstâncias. O meu espírito tóxico e conflituoso não se subjuga à minha empatia e solidariedade. Daí este escrutínio oco, de um assunto bacoco, insosso e pouco influente. Pensei-me em Dâmaso, olhei-me na intriga e considerei escrever sobre pessoas que não conheço. Que pasmaceira valente!

Eis que a comunidade literária endoideceu, efervesceu, que nem Kompensan na língua, e é óbvio que eu vou tentar ganhar dinheiro com isto. Há muito tempo que não se viam semelhantes atritos, aliás, arrisco dizer que a última tertúlia gerou-se em torno do moço que insinuou que os Youtubers, cuja dedicação está entregue aos livros, não promovem a leitura porque não sabem editar vídeos, a estética é que conta.

Bem esqueçamos este, passemos à nova geração de contos e ditos, muito própria de Dom Quixote. Pois bem, aparentemente uma escritora sugeriu enviar o seu livro a uma personalidade do Bookstagram, seja lá o que isso for. Entretanto, a senhora respondeu-lhe que só o publicitava, se lhe pagasse e a escritora negou-se a aceitar as condições e pronto. Pronto? Seria de esperar que terminasse por aqui, mas por cá, o nosso povo, elemento de uma comunidade mórbida, anseia combater moinhos de vento, e nós agradecemos, porque nos dão algo que acompanhar, ou não. Então, as acusações passam por explorar novos escritores, pois pagam a própria impressão do livro e os portes de envio.

Pois bem, a escritora decidiu entrar em “rage mode”, toca a destilar o seu descontentamento, enunciando, nos seus Stories, a personalidade que havia proposto pagamento por review.

Chique a valer!

Podia terminar aqui, isto se a opção não fosse embate, mas foi e é por isso que adoro Portugal, é tudo intenso! Fervilhem comigo, nesta euforia aprazível de quem trabalha e não vê o Big Brother, mas assiste à comunidade literária.

A antagonista, conseguem perceber quem é, decide expor tudo nas histórias, até insinua pagamento por seguidores, yeeeey, lavar roupa suja é que é! Mostrou prints e cenas, acusou de outras cenas, maravilha, uma treta tal como gostamos, repleta de provas de ambos lados. E disse algo que, a mim, me pareceu até bem lógico: sendo que o insta é dela e ela está legal, cobra pelo que quiser e só consome quem quer. Eu própria manifestei-me em privado, dizendo que se ela tinha o trabalho, que fazia muito bem em cobrar, visto só pagar quem quer. Até passa fatura, meninos e meninas, por isso, nada há a reclamar.

Acham? Claro que há!

Entretanto, as amigas e os amigos da escritora juntaram-se na demanda de abate à exploração do trabalho precário; depois os amigos e amigas da antagonista unificaram-se de modo a clarificar a posição da mesma e apoiar na sua decisão de autovalorização. Ah e muitas destas pessoas têm parcerias e recebem cenas e são todos uns influenciadores literários, portanto, assumo que todos sejam imensamente abastados e vivam em mansões com 47 assoalhadas.

ENTRETANTO, quem não tinha nada a ver com o assunto, decidiu participar, tipo eu, e opinar, a ver se lucrava uns likes e uns seguidores, because, todos concordamos com a Miley Cyrus “Não existe má fama nem boa fama, só fama”.

Eu espero que isto ainda dure uns dias, estou a terminar o Admirável Mundo Novo e tenciono publicar uma opinião, não paga, nunca cobraria nada ao Aldous Huxley, nem me parece que ele me pagasse, isto porque há intimidade, claro! (#sqn)

Isto tudo acabou em conversas, risotas e críticas de ambas partes, culminando num aspeto que ninguém ainda notou: Todas acabam os insultos ou as opiniões culpabilizando as editoras.

Se assim é, porque não se unem e pressionam as editoras? Invés de se virarem uns contra os outros e denegrirem a imagem e o conceito do próprio círculo reduto que é este, os leitores? Não sei, pareceu-me tão lógico, mas é mais divertido bater nos que atuam e não fazem o que queremos ou não cumprem com o expectável. Continuamos a virar-nos contra moinhos, invés dos reais opressores. Que maravilha! Chique a valer! Condicionamos o nosso ódio no mundo alheio, nas máquinas pouco oleadas, estamos enervados e sedentos de conflito, queremos o que não nos dão, sem pensar no que os outros não têm. Oh! Que belo! O caos instaurado, propício à decadência, que bela tragédia. Estou sedenta por mais conflitos desnecessários (ou não).

Só para dizer que estou deveras desiludida com o rumo que o assunto levou, todas estão erradas e todas estão certas. Continuem a discutir a lógica da batata.


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