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Fahrenheit 451 de Ray Bradbury

  • Foto do escritor: Sofia
    Sofia
  • 29 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

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Olá Ilustres!

Após um período conturbado, em que padeci de Ressaca Literária, engoli de rajada mais uma distopia. Começo a colocar em cima da mesa, a possibilidade de distopias serem um dos meus géneros favoritos.

O livro: Fahrenheit 451 de Ray Bradbury.

A minha edição é da Saída de Emergência, livro de capa mole, com 205 páginas, dividido em seis capítulos: O Prefácio de Jaime Nogueira Pinto; O capítulo um - A Lareira e a Salamandra; O capítulo dois - A Peneira e a Areia; O capítulo três – Fogo Vivo; O Posfácio de João Seixas; a Bibliografia.

O título do livro justifica-se pelo facto de ser “a temperatura a que o papel dos livros atinge o ponto de ignição e é consumido pelo fogo”.

A opinião:

Fahrenheit 451 começa por nos apresentar Guy Montag, um bombeiro. Eis que existe uma contradição, neste universo, uma América marcada pela opressão, em que os bombeiros deixaram o serviço público de apagar fogos e assumiram a responsabilidade publica de incinerar livros e respetivas casas, que os detivessem. Eis que fogo surge, metaforicamente, como uma forma de “purificar” a sociedade da cultura e do espírito crítico. Os livros são escritos por homens e contradizem-se, implicam raciocínio e anulam a existência fútil e simples. Este processo é tido como comum em todos os regimes opressivos e fascistas, inicia-se um regime fascista anulando a história e mantendo em cativeiro a cultura. Um líder opressor mostra controlo no presente, no passado e no futuro.

Então, nesta América, os livros são proibidos e quem os tiver será condenado ao hospício, ou pior.

Montag tem esta tarefa de incinerar a cultura, dizimá-la e torná-la cinzas. Este vive em sua casa com a sua mulher, uma senhora histérica e automatizada pelos ecrãs gigantes, que interagem com os telespectadores. Estas tecnologias têm a função de estupidificar o ser humano e submetê-los a uma vida de escravatura ignorante. Montag conhece Clarisse, uma jovem de 16 anos, jovial e vivaça, contrastando com a sociedade, que o confronta com a realidade, com a cultura e a natureza, com a existência e com a cor da vida. Estes encontros criam em Montag um enorme vazio, necessário de se preencher com a vida que lhes foram retiradas. Clarisse é a primeira a proporcionar-lhe uma perspetiva não destruidora do fogo, quando acende uma vela, fazendo-o sentir seguro. Habituado à destruição, Montag associa o fogo ao mal. Através de Clarisse, vamos entendendo como funciona o sistema educativo desta sociedade, que é oco, preenchido por televisões e violência. Os jovens procuram adrenalina e matam-se uns aos outros, desresponsabilizando-se.

Montag é casado com Mildred, uma mulher dependente dos ecrãs e da estupidificação social, que receia o que não conhece, mostrando o lado cobarde da sociedade, que cerra os olhos às atrocidades, para sobreviver confortavelmente. Não compactua com o próprio marido e chega a ser-lhe uma desconhecida, que não apresenta qualidades de diálogo nem empatia.

O nosso protagonista inicia um processo de intelectualização, ao longo do livro, atingindo o topo quando uma senhora morre queimada na sua própria casa, queimada com os seus livros. Montag rouba alguns livros, sentido uma urgência de literatura, mesmo sem saber o que isso realmente significava.

Esta mensagem é de extrema relevância, pois os consumidores literários têm vindo a decair, progressivamente. A literatura desenvolve a empatia, o espírito crítico e a capacidade de expressão. Os benefícios são enormes e a maior arma de combate contra a opressão, no entanto, estamos adotando o facilitismo como essência do nosso dia a dia. O nosso Plano Nacional de Leitura não contribui para a modernização dos leitores, nem acompanha as gerações. Necessitamos de combater o degradar da literatura, compreendendo as gerações e cooperando com elas, não obrigando leituras, cuja compreensão lhes é difícil.

Após milhentos estragos, assassinatos e fuga, Montag reúne-se com intelectuais que memorizam os livros, para que a literatura prevaleça. O fim é um grito de esperança e uma satisfação, após a destruição da cidade, pela guerra, estes sobreviventes ficarão incumbidos da restruturação das cidades, repondo as virtudes do passado e aniquilando a opressão do presente.

Aconselho vivamente a leitura deste livro, por ser de fácil leitura, mas com uma mensagem deveras complexa e útil.

O próximo passo é ver o filme de 1966 e o da HBO.

E qual é a vossa opinião sobre este livro? Já viram os filmes?

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