O Monte dos Vendavais de Emily Brontë
- Sofia
- 29 de nov. de 2020
- 4 min de leitura

Olá Ilustres! Através do usufruto do advérbio de tempo “Hoje”, complementando com o verbo “trazer” no presente do indicativo, na primeira pessoa do singular, acoplando-lhe o pronome pessoal “vos”, formulando a frase:” Hoje trago-vos”, inicio este post enunciando que vos trago uma nova opinião.
O livro: O Monte dos Vendavais de Emily Brontë.
A minha edição é da EDITORIAL PRESENÇA, livro de capa mole, com 313 páginas, dividido em capítulos, grafados em numeração árabe, compreendendo 34 capítulos ao todo. Emily Brontë compõe uma das três irmãs Brontë que enveredaram pela escrita, sendo esta a mais isolada e taciturna das irmãs, com comportamentos anti-sociais e muito próprios, mantinha-se capaz de antever e analisar a realidade social, mesmo sem se expor à mesma.
A opinião:
Primordialmente, a beleza deste livro assusta-me, a capa é perfeitamente ilustrada e de uma expressão coerente com o livro, lógica e poética, quanto ao interior, esse sim é o verdadeiro assombro e a verdadeira felicidade da obra. Não deixo de referir que fiquei muito desapontada com os vários lapsos que encontrei.
Já não sentia vontade de ler sem parar, de me reservar, no meu isolamento próprio e desejar que não se dirijam a mim, para terminar a bela peça que detenho em minhas mãos, há vários meses. A leitura desta obra é tão imersiva, arrisco dizer que o enredo é quase perfeito, que nos intriga e desmonta, nos destrói e corrói, achei que a leitura tinha tanto de doentio como de amoroso, tanto de nocivo como de fundante, algo em mim se desfez e refez, com esta narrativa.
Pois bem, debruçamo-nos sobre a família Earnshaw, cujo ao núcleo pertenciam Hindley e Catherine, com respetivos pais, vivendo estes no Monte dos Vendavais. Um dia, o Sr. Earnshaw, numa das suas viagens a Liverpool, trouxe uma criança abandonada, que se distinguia dos restantes pelos seus traços “ciganos”, os cabelos eram negros e pele escura, contrastando com a palidez dos filhos de verdadeiros de Earnshaw. Este é adotado e nomeado de “Heathcliff”, contrariamente aos gostos dos residentes da casa do Monte dos Vendavais, que deploravam para que aquele ser sumisse.
Heathcliff, uma criança de poucas palavras, era bastante destratado e injuriado, verbalmente e fisicamente, por todos os elementos da casa, principalmente, por Hindley. No entanto, o pai, Sr. Earnshaw e Catherine, nutriam grande afeto pelo pobre ostracizado. Anos mais tarde, com o perecer precoce do Sr. Earnshaw, seguida da morte da Sra. Earnshaw, é Hindley, quem procede o pais, no domínio do poderio e da riqueza, acentuando o ódio e a segregação de Heathfliff, impedindo-o de obter a educação correta, tornando-o num inculto, analfabeto e trabalhador de obras pesadas, por esse motivo, o seu corpo continuava a desenvolver exponencialmente, acentuando as diferenças físicas, entre o próprio e Hindley.
Heathcliff apaixona-se por Catherine, sendo recíproco, mas Hindley castra estes sentimentos e monopoliza o contacto de ambos, contribuindo para o crescimento de Catherine, muito negativamente. Esta torna-se caprichosa, débil, egoísta e insensível ao meio.
Numa disputa de sentimentos, esta acaba por inferiorizar Heathcliff pela sua pobreza e ausência de instrução, fazendo com que este desapareça do Monte dos Vendavais. Esta casa-se com o Sr. Linton e move-se para a Granja de Thrushcross, uma outra casa imponente, próxima da sua, cuja propriedade é pertença dos irmãos Linton, Isabel Linton e Edgar Linton.
Heathcliff, movido pela vingança, pela cegueira e pela paixão, irá vingar-se de todos os que o afastaram de Catherine Earnshaw, prometendo destruir a vida de quem contribuiu para a separação do grande amor da sua vida, nomeadamente, dos residentes do Monte dos Vendavais, dos residentes da Granja de Trushcross e respetivos herdeiros.
Ora, a história é-nos relatada por Sra. Dean, uma criada da casa no Monte dos Vendavais, que assiste e participa na narração, esta personagem é inspirada numa criada da própria Emily.
Eis que vos exponho aquilo em que reflito: Eu senti pena de Heathcliff, desde o princípio até ao fim, senti vontade de o abraçar e senti tristeza, porque a sucessão de eventos é criação da maldade e capricho da família Earnshaw, isto na minha opinião. O relato da Sra. Dean é caloroso, quando fala da família que serve, mas desprende-se de carinho, quando se relaciona a Heathcliff. Achei altamente tendencioso, mas é por isso que a obra é extraordinária, porque depende da nossa interpretação. Esta personagem insere-se, claramente, no arquétipo de herói byroniano, uma personagem inteligente, sedutora, mas que esconde um génio implacável, preservo e doentio.
A personagem que mais me enervou e me repugnou foi Catherine Earnshaw, pois, é absolutamente intragável e mesquinha, manipuladora e execrável, conseguiu mexer com os meus nervos, desde que urge até que ressurge, tornando-se abominável, aos meus olhos.
A personagem que mais gostei foi Hareton Earnshaw, filho de Hindley Earnshaw, que mesmo sucumbindo aos maus tratos e à conduta de ignorância proporcionada por Heathcliff, não perde o seu coração doce e puro, revelando-se o anjo que vive nos escombros do inferno, ressuscitando o pouco de empatia que pudesse existir naquele coração coberto de cobre.
E vocês? Já o leram? O que acharam?
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